ARTIGO
 

Postado em 15/03/2010 às 23h30 por Rafael Valente

Tradição em campo

Nesta quarta-feira (17), o Corinthians encerra o primeiro turno do Grupo 1 da Copa Libertadores contra o Cerro Porteño, do Paraguai, fora de casa. O adversário é mais experiente em competições internacionais. Contudo, essa tradição resume-se ao número de participações na Libertadores, pois o rival nunca foi campeão. Neste artigo, o acervoSCCP apresenta a história e as características do adversário.

RIVAL ENCARDIDO. Apesar de nunca ter sido campeão continental, o Club Cerro Porteño é uma equipe aguerrida e que impõe respeito aos adversários. No Brasil, é conhecido principalmente pelas batalhas campais contra Palmeiras, pela Copa Libertadores-2006, e Fluminense, pela Copa Sul-Americana-2009. Detalhe, as duas foram em terras brasileiras, no Palestra Itália e no Maracanã, respectivamente.

O Cerro Porteño também é conhecido pelo fanatismo da torcida azulgrana e pela sua recepção nada amistosa aos adversários no Estádio Pablo Rojas. O exemplo mais atual ocorreu na partida contra o Fluminense, pela Sul-Americana, quando os torcedores atiraram pedras e outros objetos nos jogadores brasileiros. Isso rendeu ao clube uma multa de US$ 30 mil e a perda de quatro mandos de jogos em torneios internacionais. Por isso o jogo contra o Timão será no Defensores del Chaco.

Contudo, o clube paraguaio também é conhecido por ter sofrido as duas maiores goleadas aplicadas pelos brasileiros na Copa Libertadores. A primeira foi em 1962, quando o Santos venceu por 9-1. A segunda, mais familiar aos corinthianos, foi em 1999, quando o Timão venceu por 8-2. Nesta partida, o atacante Fernando Baiano, criado no Terrão, marcou cinco gols.

O Cerro Porteño ainda é famoso por ter revelado grandes jogadores, como o goleiro Bobadilla, os zagueiros Gamarra e Rivarola, o lateral-direito Arce e o meio-campista Enciso –-todos da seleção paraguaia. El Ciclón teve ainda nomes como o goleiro argentino Goygochea e o meio-campista paraguaio Velázquez defendendo suas cores. Já brasileiros foram poucos, como Alex Rossi (atacante ex-Corinthians) nos anos 1990 e Claudinho (meio-campista ex-Internacional) nos anos 1960.

UM POUCO DE HISTÓRIA. O Cerro Porteño é o clube mais popular do Paraguai e o segundo com mais títulos nacionais. Perde apenas para o Olimpia, principal rival e com quem disputa o Superclásico. El Ciclón, como é conhecido, ainda carrega no nome e nas cores símbolos nacionais.

O nome é uma alusão a primeira vitória militar do Paraguai, que ocorreu em 19 de janeiro de 1811, no cerro Mbaé Y Rombado (sul do país), quando os argentinos invadiram esse território. A vitória foi tão significativa que o local foi batizado como Cerro Porteño --essa última palavra uma clara referência aos argentinos.

Já as cores foram escolhidas por influência dos dois partidos da época: Colorados (vermelho) e Liberales (azul). Na época, eles estavam disputando o poder. Como o Cerro queria mostrar que seria o “clube de todos”, adotou as duas cores e ainda incluiu a cor branca, associada à paz e presente na bandeira nacional.

O clube guarda outra curiosidade interessante sobre sua origem. Foi fundado por uma mulher, Susana de Núñez, nos arredores da Capela San Juan, no centro de Assunção. De origem humilde, Susana de Núñez apenas oficializou o que seus quatro filhos e mais uns amigos já faziam nos bairros de Assunção: jogar futebol.

O nome e as cores, como já foi dito, foram escolhidos para manter as raízes nacionais, uma vez que o futebol naquela época era muito associado aos ingleses, introdutores do esporte no país. Isso inclusive teve reflexo no nome original do clube: Cerro Porteño Football Club. Somante nos anos 1950 é que os dirigentes alteraram o nome para a forma atual.

SUCESSO NACIONAL. A estreia no Campeonato Paraguaio foi em 1913 e no mesmo ano foi campeão invicto. Ainda na década de 1910 foram conquistados mais três títulos. A vitória em 1918 rendeu o apelido de El Ciclón --algo como o Ciclone.

Isso porque na decisão do título foram disputados três jogos contra Nacional. O primeiro terminou empatado em 2-2, o segundo em 1-1, mas no terceiro o time venceu por 4-2 após estar perdendo por 2-0, e a vitória foi conquistada no final da partida --rápido como se fosse um ciclone.

Nos anos 1920, ganhou a alcunha de Clube del Puevo e de La Mitad Más Uno por conta do forte apelo popular, superando o Olimpia. Porém foi uma década sem conquistas. Título mesmo somente em 1935, depois de um jejum de 16 anos. Os anos 1970 e 2000 foram os mais vitoriosos do clube, com oito títulos no total.

PASSAPORTE PARA A AMÉRICA. O Cerro Porteño classificou para Copa Libertadores-2010 como campeão do Torneio Apertura-2009. E para a disputa contra o Corinthians o rival vem embalado com boa campanha no Torneio Apertura-2010, onde é líder com sete vitórias e uma derrota. Já na Libertadores conseguiu apenas um ponto. Empatou com o DIM em casa e perdeu para o Racing fora.

O principal destaque do time é o meio-campista Jorge Núñez e o atacante Pablo Cevallos, com passagem pelo futebol mexicano. O time base é formado por Diego Barreto; Julio Irrazábal, Diego Herner, Luís Cardozo e Ernesto Cristaldo; Jorge Núñez, Jorge Brítez, Luís Cáceres e Iván González Ferreira; César Ramírez e Ramón Cardozo. O técnico do Cerro Porteño é Pedro Troglio, que está no clube desde 2008.

Para a partida contra o Corinthians, o clube paraguaio tem feito uma campanha intensa para motivar seus torcedores. Inclusive utilizou a presença de Ronaldo e Roberto Carlos em campo para aumentar o preço dos ingressos. A esperança é vencer a primeira partida na Libertadores e empatar com o Timão, com 4 pontos, na liderança do grupo, mas para isso precisa de um empate entre DIM e Racing.

RETROSPECTO. Enfrentar clubes paraguaios não é nenhuma novidade para o Corinthians. No continente, apenas argentinos e uruguaios jogaram mais vezes contra o Alvinegro. Até mesmo a seleção paraguaia já enfrentou o Timão em um amistoso, com vitória de 4-3 para os rivais. Até hoje foram 15 jogos, com sete vitórias, quatro empates e quatro derrotas, além de 43 gols marcados e 27 sofridos.

Contra o Cerro Porteño foram apenas três jogos, com duas vitórias e uma derrota. Já contra o Olimpia foram mais jogos, nove no total, com quatro vitórias, dois empates e três derrotas. O Libertad completa a lista de adversários, com uma vitória e dois empates em três jogos. Em geral, o confronto é marcado pelo equilibrio.

Por fim, no Estádio Defensores del Chaco foram quatro jogos, com uma vitória, dois empates e uma derrota, além de oito gols marcados e oito sofridos. A única vitória no local foi em 1999, quem sabe agora contra o Cerro esse retrospecto melhore...

       

Club Cerro Porteño

Fundação:
1º de outubro de 1912

Estádio: Pablo Rojas (25.000)

Principais títulos:  
Campeonato Paraguaio (1913, 1915,
1918, 1919, 1935, 1939, 1940, 1941,
1944, 1950, 1954, 1961, 1963, 1966,
1970, 1972, 1973, 1974, 1977, 1987,
1990, 1992, 1994, 1996, 2001, 2004,
2005 e 2009)

Site: www.cerro.com.py

 
         
      Estádio Pablo Rojas  
Estádio Pablo Rojas
 

CORINTHIANS X PARAGUAIOS

     

1942 - 1x1 Libertad
Pacaembu (Amistoso)

1942 - 3x3 Libertad
Pacaembu (Amistoso)

1952 - 6x0 Libertad
Pacaembu (Copa RJ)

1953 - 5x2 Olimpia
Pacaembu (Rivadávia Meyer)

1965 - 3x4 Paraguai
D. del Chaco (Amistoso)

1974 - 1x0 Cerro Porteño
Alfredo Schürig (Amistoso)

1998 - 2x2 Olimpia 2-2
D. del Chaco (Mercosul)

1998 - 1x2 Olimpia
Pacaembu (Mercosul)

1999 - 8x2 Cerro Porteño
Pacaembu (Copa Libertadores)

1999 - 0x3 Cerro Porteño
Pablo Rojas (Copa Libertadores)

1999 - 2x1 Olimpia
D. del Chaco (Libertadores)

1999 - 4x0 Olimpia 4-0
Pacaembu (Libertadores)

2000 - 2x2 Olimpia
D. del Chaco (Libertadores)

2000 - 5x4 Olimpia
Pacaembu (Libertadores)

2000 - 1x2 Olimpia
Pacaembu (Mercosul)

2000 - 2x3 Olimpia
D. del Chaco (Mercosul)

       
           
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